Por que Ser Escritor (E VIVER DA ESCRITA) No Brasil é Quase Impossível? - Por Adriano Silva



Com as múltiplas possibilidades no nosso mercado ou a falta de perspectivas de se publicar em uma grande editora, renomada e com todos os métodos de divulgação, eis que surge, na terra árida da literatura nacional, as editoras pequenas ou de médio porte, afim de suprir a demanda de escritores que desejam publicar sua obra de forma Independente ou com um selo. Mas isso é ótimo, você deve estar se dizendo. De certo modo sim e, também, não. Em sua grande maioria as editoras pequenas dispõem de poucos recursos de capital, funcionam sem um lugar apropriado e muitas vezes sequer possuem um registro como empresa (CNPJ). E sim, isso quer dizer muito sobre o trabalho que farão com seu original, pois como não focam na qualidade do que foi escrito e sim no lucro, no dinheiro que será investido pelo autor iniciante e imaturo, não realizam uma boa análise do original ou possuem profissionais qualificados e capacitados para os serviços básicos e primordiais, como a revisão por exemplo. (“Hahh, quão exagerado você é!”) Na verdade, por mais que você que me lê não concorde, existem muitos livros que sequer poderiam ser publicados, tamanha é a quantidade de erros no enredo, plágio, falta de originalidade e, principalmente porque a história é fraca. Agora some tudo isso a um livro que não foi revisado corretamente, que a cada página encontra-se de 2 a 5 erros de ortografia básica e gramática (e não estou referindo-me aos erros de acentuação, paragrafação e mau uso de travessão, que também é comum, e sim a erros primários), que um leitor mais atento, acostumado a ler literatura estrangeira e acabou por dar uma ‘’chance ‘’ a um livro nacional, perceberá e fatalmente comparará. Imaginem o que ele não dirá? Sim, porque o que é brazuca não presta... “Não presta” ou são em sua maioria mal escritos, mal revisados e jamais deveriam chegar ao consumidor sem uma análise crítica. Afinal de contas o autor que acaba caindo no conto das Mil e Uma Noites das editoras de má fé precisa ser revisor, editor, publicitário, tradutor e crítico de si mesmo. As pequenas editoras, friso que existem boas Editoras pequenas e médias com “E” em maiúsculo, utilizam de serviços de terceiros para análise de suas publicações. Dia destes uma, bem famosa entre o meio, procurava por leitores comuns para análise de originais. Ora, assim que realmente se comporta frente ao mercado seletivo e exigente uma Empresa, utilizando-se de análise não profissional para trabalhar com sonhos e capital de outrem? Mas sim, existem muitos fatos, inclusive livros que são revisados por proprietários destas editoras sem se quer uma formação básica para isso, que vale novamente afirmar que não são todas, mas que acabam por se tornarem referências de publicações medíocres, ofuscando a imagem dos autores de obras com qualidade em patamares aos níveis de excelência. A pergunta do título deveria ser dada em forma de outra pergunta; de que escritor brasileiro nós estamos falando? Antes de mais nada precisa-se ter um compromisso com a leitura. Estamos vivenciando uma geração de escritores que não leem; “Ler é chato, os clássicos são chatos!”, “Teoria Literária para que?”. Temos Editoras amadoras, com escritores amadores que visam os 15 minutos de fama e mais 5, como diria uma canção dos Titãs, para os comerciais, e quando caímos nessas questões respondemos, de fato, o título deste artigo. Em parte, o problema é bem maior do que as empresas ruins, que publicam escritores que ainda precisam amadurecerem sua arte. E como se faz isso? Com formação, com lapidação, com profissionalismo e compromisso com a Literatura e com respeito ao Leitor, que irá consumir e investir capital em um livro físico ou digital, e espera-se que no mínimo ele possua alguma qualidade ou seja legível. Lembrando que se o leitor encontra diversos problemas de revisão e enredo, seja de um autor iniciante ou uma editora em crescimento, dificilmente apostará em algo do mesmo futuramente. Se o Brasil não é para amadores, como disse Jobim, tenho toda certeza que deveríamos aplicar essa frase também para Escritores e Editoras.



5 comentários

  1. Um tapa de realidade logo de manhã, isso nos faz pensar e repensar se queremos mesmo seguir esse caminho.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. E, juntando à sua análise, as "panelinhas" que se formam, onde alguns autores são publicados sem custo e a outros são cobradas "pequenas" fortunas.
    Eu compreendo que há custos, gastos, mas acredito que essa falta de coerência nos desanima. A gente se sente um lixo e pensa: "Poxa, a fulano nada cobraram e para mim vieram esses valores. Meu livro deve ser muito ruim". E o pior é que, depois de tantos anos de leitura e estudos, trabalhando com a literatura, a gente sabe que não é ruim e aí a coisa fica ainda pior porque, lendo os livros de outros que "não tiveram custos", se percebe o quão péssimas são as publicações. A vontade de desistir cresce e muito.

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  4. Uma análise bem pertinente. Vive-se a insuficiência da palavras e para tanto a insuficiência de escrever para ser lido. Excelente

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  5. Grande verdade, é algo desmotivador que enfrentamos hoje no Brasil

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